Ontem, pela primeira vez (lá em Angra, esperando o bus para SP), assisti ao Horário Político na TV. Fiquei com vergonha de mim mesma por me sentir tão alienada. Nossa, como estou por fora da política, das eleições e dessa função toda que acontece em todo santo ano eleitoral.
Antigamente eu me considerava uma pessoa atualizada frente aos acontecimentos políticos, estava mais por dentro do que acontecia. Uma das grandes influências foi, sem dúvida, a tia Verinha, mãe da Lolo (apenas relembrando: a Lolo é minha amiga desde que tínhamos 1 ano de idade, e hoje dividimos apê aqui em SP). A tia foi envolvida com essas causas políticas desde sempre, desde quando me conheço por gente. Ela era filiada ao PT na época. Ela tinha amigos também envolvidos com política. Na verdade, naquela época eu acreditava mesmo que os políticos, e especialmente o Lula e o PT, pudessem mudar o Brasil. Era um tempo em que saíamos as ruas para fazer "bandeiraço", em que vibrávamos e acreditávamos nos candidatos.
Um dos amigos da tia Verinha, e por sinal também professor de Ciências Políticas em uma Universidade do RS, tinha um instituto de pesquisas políticas e, na época, no ano 2000, eu, a Lolo e mais um pessoal começamos a trabalhar como pesquisadores. A gente ia muito para o interior do RS aplicar os questionários. Foi uma época muito bacana. A gente tinha todo o perfil dos entrevistados traçados e uma "cota" rigorosa que cada um devia entrevistar. A divisão dessa cota era feita com base em sexo, idade e escolaridade (agora me deu um branco se renda também estava na cota ou se era somente informativa). Além disso, os pontos onde ficávamos entrevistando as pessoas já eram previamente definidos, ou seja, íamos dos bairros mais ricos as vilas mais pobres.
Vimos de tudo, e bem de perto, inlcusive aquilo que não imaginávamos existir no interior do RS. Casas sem rede de esgoto ou sem luz. Pessoas sem o minimo de escolaridade, ganhando e sobrevivendo com menos de 1 salário mínimo por mês. Muitas velhinhas nos convidavam até para tomar café em suas casas. O interessante é que, no fundo, a gente acreditava que o novo prefeito ou governador que fosse se eleger naquele ano pudesse mudar aquela realidade.
Em Julho de 2005 a Tia Verinha faleceu, e acho que deixamos junto com ela aquele nosso idealismo que os políticos pudessem mudar o Brasil. E ontem senti isso claramente: eu estava na frente de uma TV, assistindo ao horário eleitoral, sem ao menos saber o nome de todos os candidatos à presidência do Brasil. Me senti até meio mal, mas acho que na verdade hoje sou uma pessoa que não acredita mais nesse sistema. Sei lá. O que sei é que na última eleição, em 2008, eu estava viajando e justifiquei meu voto, sem sentir peso na consciência por não estar exercendo meu direito de cidadã. E neste ano não será diferente, justificarei mais uma vez.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
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